quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Aikidô e Eu



Texto de : Gustavo N. Santos
Revisão: Tiago Vieira

Em 1992 viajei com minha família para o Rio de Janeiro. Lá, um parente de
nossos conhecidos ao ver-me agitando um “cabo de vassoura”, como se estivesse lutando com o ar, chamou-me e mostrou uns movimentos de luta com bastão. Mas,como eu tinha pouca idade, achei os movimentos retos e monótonos demais.
Perguntei a ele o que era, ao qual ele respondeu: Aikidô. Então questionei, sem empolgação, o que era Aikidô e ele disse que era uma luta onde eu poderia tornar coisas simples em armas letais (acredito que ele tenha se expressado desta forma por não me ver muito empolgado com a arte).
Uau!!! Fiquei muito animado! Com uns 12 anos de idade e fã dos filmes de lutas eu acreditava que era fantástico.
Ao voltarmos para Goiânia, retomei os estudos e nem me lembrava das férias que tive, cheguei até a ver uma academia que anunciava aulas de Aikidô, mas não fui me informar.
Até que um amigo me entregou um “Vale aula” do dojo onde ele praticava
Karatê, e, por coincidência, era da academia que vi anunciado o Aikidô. Lá iniciei os treinos em 1993.
Todos éramos iniciantes e o instrutor também tinha pouco tempo de treino da arte, (apesar de anos de ensino de Karatê) que adquiriu indo a São Paulo aos finais de semana até ser encaminhado para um Mestre que morava mais próximo.
O tatame era improvisado, feito de placas de borracha dura que cobriam um tatame de madeira, e nosso mestre vinha em alguns sábados, ensinava as técnicas e repetíamos as mesmas as terças e quintas com o professor que era dono da academia.
Como o mestre ficava em outro Estado, viajávamos de madrugada para os exames e treinos em Brasília. Até que o grupo foi crescendo e conquistando seu espaço, a ponto de realizar os exames e treinos por aqui também.
Todo início é difícil, mas fiz fortes e verdadeiras amizades nestes anos de prática e ensino, além da grande honra de conhecer e treinar com verdadeiros mestres.
Agradeço imensamente a todos por tudo. Vi nos professores de Aikidô pessoas inteiramente devotadas à perpetuação da arte e com a preocupação de uma vida mais digna aos praticantes.
Entrei na arte buscando “armas letais” e consegui aprender que a verdadeira essência da arte é nunca ter que destruir, mas sim construir. Sempre via o Aikidô como se fosse Harmonia em Movimento, mas hoje entendo e pratico o Aikidô como o Movimento pela Harmonia, uma busca por um mundo melhor, com uma sociedade melhor. Um lugar onde pessoas sejam mais honestas, honradas e justas.
Sei que parece um ideal muito distante, mas confio no Aikidô como ferramenta de aperfeiçoamento dos indivíduos e no nosso poder de renovação.


* Gustavo N. Santos é professor em Goiânia, Faixa Preta 2º Dan de Aikidô certificado pelo Dojô Cental
do Aikido (Aikikai Hombu Dojo), além de representante do Instuto Teruo Nakatani – ITN Brasil em
Goiás e professor filiado à Confederação Brasileira de Aikidô – Brasil Aikikai.

(62) 8517-4000
www.aizen.org
www.aikidogoias.blogspot.com

A ARTE DE RESOLVER CONFLITOS


por Terry Dobson
 Retirado do site www.aizen.org

 O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa modorrenta tarde de primavera.
Um dos vagões estava quase vazio: apenas algumas mulheres e idosos e um jovem lutador de Aikidô.
O jovem olhava, distraído, pela janela, a monotonia das casas sempre iguais e dos arbustos cobertos de poeira.
Chegando a uma estação as portas se abriram e, de repente, a quietude foi rompida por um homem que entrou cambaleando, gritando com violência palavras sem nexo.
Era um homem forte, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo.
Aos berros, empurrou uma mulher que carregava um bebê ao colo e ela caiu sobre uma poltrona vazia. Felizmente nada aconteceu ao bebê.
O operário furioso agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arranca-la. Dava para ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava.
O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo e o jovem se levantou.
O lutador estava em excelente forma física. Treinava oito horas todos os dias, há quase três anos.
Gostava de lutar e se considerava bom de briga. O problema é que suas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Os alunos são proibidos de lutar, pois sabem que Aikidô "é a arte da reconciliação.
Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o universo.
Por isso o jovem sempre evitava envolver-se em brigas, mas no fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade legítima em que pudesse salvar os inocentes, destruindo os culpados.
Chegou o dia! Pensou consigo mesmo. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.
O jovem se levantou e o bêbado percebeu a chance de canalizar sua ira.
Ah! Rugiu ele. Um valentão! Você está precisando de uma lição de boas maneiras!
O jovem lançou-lhe um olhar de desprezo.
Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele o agredisse primeiro, por isso o provocou de forma insolente.
Agora chega! Gritou o bêbado. Você vai levar uma lição. E se preparou para atacar.
Mas, antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um grito: Hei!
O jovem e o bêbado olharam para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos.
Aquele minúsculo senhor vestia um quimono impecável e devia ter mais de setenta anos...
Não deu a menor atenção ao jovem, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importante segredo para lhe contar.
Venha aqui disse o velhinho, num tom coloquial e amistoso.
Venha conversar comigo insistiu, chamando-o com um aceno de mão.
O homenzarrão obedeceu, mas perguntou com aspereza: por que diabos vou conversar com você?
O velhinho continuou sorrindo. O que você andou bebendo? Perguntou, com olhar interessado.
Saquê rosnou de volta o operário e não é da sua conta!
Com muita ternura, o velhinho começou a falar da sua vida, do afeto que sentia pela esposa, das noites que sentavam num velho banco de madeira, no jardim, um ao lado do outro.
Ficamos olhando o pôr-do-sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro, comentou o velho mestre.
Pouco a pouco o operário foi relaxando e disse: é, é bom. Eu também gosto de caqui...
São deliciosos concordou o velho, sorrindo. E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa.
Não, falou o operário. Minha esposa morreu.
Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.
Eu não tenho esposa, não tenho casa, não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.
Lágrimas escorriam pelo seu rosto.
E o jovem estava lá, com toda sua inocência juvenil, com toda a sua vontade de tornar o mundo melhor para se viver, sentindo-se, de repente, o pior dos homens.
O trem chegou à estação e o jovem desceu. Voltou-se para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco e deitara a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.
Enquanto o trem se afastava, o jovem ficou meditando... O que pretendia resolver pela força foi alcançado com algumas palavras meigas. E aprendeu, através de uma lição viva, a arte de resolver conflitos.

A ARTE DE RESOLVER CONFLITOS


por Terry Dobson
 Retirado do site www.aizen.org

 O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa modorrenta tarde de primavera.
Um dos vagões estava quase vazio: apenas algumas mulheres e idosos e um jovem lutador de Aikidô.
O jovem olhava, distraído, pela janela, a monotonia das casas sempre iguais e dos arbustos cobertos de poeira.
Chegando a uma estação as portas se abriram e, de repente, a quietude foi rompida por um homem que entrou cambaleando, gritando com violência palavras sem nexo.
Era um homem forte, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo.
Aos berros, empurrou uma mulher que carregava um bebê ao colo e ela caiu sobre uma poltrona vazia. Felizmente nada aconteceu ao bebê.
O operário furioso agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arranca-la. Dava para ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava.
O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo e o jovem se levantou.
O lutador estava em excelente forma física. Treinava oito horas todos os dias, há quase três anos.
Gostava de lutar e se considerava bom de briga. O problema é que suas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Os alunos são proibidos de lutar, pois sabem que Aikidô "é a arte da reconciliação.
Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o universo.
Por isso o jovem sempre evitava envolver-se em brigas, mas no fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade legítima em que pudesse salvar os inocentes, destruindo os culpados.
Chegou o dia! Pensou consigo mesmo. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.
O jovem se levantou e o bêbado percebeu a chance de canalizar sua ira.
Ah! Rugiu ele. Um valentão! Você está precisando de uma lição de boas maneiras!
O jovem lançou-lhe um olhar de desprezo.
Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele o agredisse primeiro, por isso o provocou de forma insolente.
Agora chega! Gritou o bêbado. Você vai levar uma lição. E se preparou para atacar.
Mas, antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um grito: Hei!
O jovem e o bêbado olharam para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos.
Aquele minúsculo senhor vestia um quimono impecável e devia ter mais de setenta anos...
Não deu a menor atenção ao jovem, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importante segredo para lhe contar.
Venha aqui disse o velhinho, num tom coloquial e amistoso.
Venha conversar comigo insistiu, chamando-o com um aceno de mão.
O homenzarrão obedeceu, mas perguntou com aspereza: por que diabos vou conversar com você?
O velhinho continuou sorrindo. O que você andou bebendo? Perguntou, com olhar interessado.
Saquê rosnou de volta o operário e não é da sua conta!
Com muita ternura, o velhinho começou a falar da sua vida, do afeto que sentia pela esposa, das noites que sentavam num velho banco de madeira, no jardim, um ao lado do outro.
Ficamos olhando o pôr-do-sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro, comentou o velho mestre.
Pouco a pouco o operário foi relaxando e disse: é, é bom. Eu também gosto de caqui...
São deliciosos concordou o velho, sorrindo. E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa.
Não, falou o operário. Minha esposa morreu.
Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.
Eu não tenho esposa, não tenho casa, não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.
Lágrimas escorriam pelo seu rosto.
E o jovem estava lá, com toda sua inocência juvenil, com toda a sua vontade de tornar o mundo melhor para se viver, sentindo-se, de repente, o pior dos homens.
O trem chegou à estação e o jovem desceu. Voltou-se para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco e deitara a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.
Enquanto o trem se afastava, o jovem ficou meditando... O que pretendia resolver pela força foi alcançado com algumas palavras meigas. E aprendeu, através de uma lição viva, a arte de resolver conflitos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Aikido não é dança!!!!

Aikido não é dança!!!!
Formas de treino e de ensino
Por: Gustavo N. Santos, faixa preta, nidan,  (Instituto Teruo Nakatani – ITN Brasil)
Instrutor responsável pela Escola ITN- emGoiânia
Existem diversas didáticas no formato de ensino e devemos nos fiar nas diferenças entre os praticantes. Devemos considerar em cada turma os alunos como sendo únicos e buscar a instrução customizada, específica para cada aluno.
Devemos entender a diferença entre uma instrução pedagógica (ensino para crianças) e uma instrução andragógica (para adultos). No caso pedagógico vejo como primordial o ensino dos valores marciais (honra, respeito, disciplina, camaradagem, esforço, caráter,...) com exercícios lúdicos e um ensino técnico limitando os movimentos a não apresentarem chaves nas articulações ou golpes traumatizantes.
 No caso do ensino andragógico, devemos cobrar uma postura dos valores marciais dos alunos. Á que se considerar que o aprendizado fica mais fácil quando há um sentido nos movimentos e ao aplicar uma técnica devemos frisar a necessidade de tal movimento ser realizado desta forma para concretizar o conhecimento no aluno.
Para o adulto fica difícil entender o que não faz sentido, e no caso das técnicas básicas (Kihon) os instrutores devem conhecer bem algumas razões para o formato das técnicas.
Formas de ensino: (Engi; Bunkai: oyo)
Engi (do Japonês Éngi que significa exibir, apresentar, representar):
Este treino tem o sentido de apresentação, demonstração (exibição da técnica) da técnica.
É o tipo de treino onde devemos nos preocupar em “mostrar” a técnica de forma bonita e firme, apresentando com clareza as chaves e nuances da técnica.
Bunkai (Do Japonês BunKái que significa desmontar, desfazer, separar: Esta forma consiste em quebrar (Desmontar) a técnica para que aconteça o aprendizado de forma cartesiana, (ou como diria o açougueiro) “por partes”.
Oyo (Do Japonês _oòyoò que significa aplicação):
 Esta forma consiste em um treino de aplicação da técnica (aplicação da técnica para Defesa Pessoal).
Isto quer dizer que as outras formas não funcionam? 
Não, isto quer dizer que a aplicação da forma deve considerar um ambiente hostil e uma extrema necessidade de uma aplicação violenta e conclusiva (Viril).
Com a aplicação e correlação destas formas de ensino, respeitando o crescimento gradual do aluno do que é forma básica (Aplicação) e o que é aplicação (Oyo), a possibilidade de êxito na transmissão do conhecimento e formação de um Budoka com proficiência nas artes marciais é maior.
Formas de treino: (Go; Jyu: Ryu)
“Treino Duro; treino Suave e fluído.”
GO (treino duro, praticado com intrepidez, valentia e virilidade).
Durante o treino duro (GO) devemos nos atentar em neutralizar a ação do Ukê com firmeza, e até agressividade, sem excesso. Um treino onde utilizamos larga força para neutralizar a ação do atacante e exploramos o nosso lado mais enérgico é explosivo. Vamos à busca do nosso extremo da força (o lado negro da força) para conhecemos a nossa porção de frieza e maldade.
Neste caso, ukê e nagê são fortes (são sólidos, são pedras, são quadrados “Tamatsume Musubi”)
Jyu (treino suave e treino fluído)
Treino suave: Durante o treino suave buscamos a integração com a força do ukê (musubi = incorporar). Aproveitamos a energia que nos é passada pelo parceiro (Ukê) e a redirecionamos para o local desejado para neutralizar o ukê. Devemos estar preparados para receber a força do ukê e reutilizá-la no movimento. Um estado receptivo, mas não passivo, do contrário o ukê tem a vantagem.
No treino suave vamos à busca do nosso extremo da receptividade e beleza para conhecer nosso lado benevolente e empático.
 Neste caso Ukê é firme (Sólido, é pedra, é quadrado “Tamatsume Musubi”) e Nague é maleável e firme (é líquido, é água, é círculo “Taru Musubi”).
Treino Fluído: Durante o treino fluído buscamos a plena interação das forças (energias). Ukê e Nagê buscam a integração para a construção de uma técnica solta e livre. Neste caso ambos buscam a união (harmonia) na sua forma mais solta.
 Neste caso Ukê e Nagê são livres (são gás, são triangulo “Iku Musubi”)
O treino suave (Jyu Waza) deve ser realizado com a cooperação do Ukê e buscando a união das forças. Contudo é primordial frisar a necessidade da forte presença marcial no treino, relaxados, mas atentos (zanshin).
O treino suave possibilita uma rápida resposta ao estudo da liberdade da energia, do encadeamento de técnicas (Henka waza) e até contra golpes (Gaeshi Waza). A mente deve estar sempre livre para aproveitar a variação das forças dadas pelo Ukê.
Nas palavras do fundador “Aikidô wa Budô de aru.” Aikidô é Budô
“Aiki wa odori janai”  -Aikidô não é uma dança.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A busca incessante





Prefácio do livro O espirito do Aikido de Kishomaru Ueshiba.

Tradução de J.F.Santos- Instrutor chefe do Instituto Teruo Nakatani - ITN Brasil

Através dos séculos, as religiões têm pregado o amor e a compaixão, e as filosofias têm ensinado a reverenciar a vida. Porém defrontamo-nos hoje com uma situação crescente de violência que parece estar além de qualquer controle humano. O mundo está repleto de divisões irreconciliáveis entre amigo e inimigo, bem e mal, opressor e oprimido. A violência é usada para dominar, destruir e eliminar o adversário. Quando, então, esses objetivos são realizados, procura-se um outro oponente. Quando cessará o ciclo de violência? Como superar as divisões que separam as pessoas? Onde está o poder de curar as chagas da dor e sofrimento? Não é de admirar que encontremos na história japonesa uma tradição das artes de luta (bugei), originalmente causadora de dano e morte no campo de batalha, transformada no Caminho das Artes Marciais (budô), dedicado ao aperfeiçoamento do ser humano pela integração de mente, corpo e espírito. Iniciando-se nos promórdios do século XVIII, o Caminho da Espada transformou a espada que causa a morte na espada que protege a vida. Este Caminho está em harmonia com o Caminho da Cerimônia do Chá, o caminho da Poesia, o Caminho da Caligrafia, o Caminho de Buda e inúmeros outros Caminhos que em suas formas puras têm nutrido espiritualmente o povo japonês.

O treinamento e a disciplina comum a todos os Caminhos, seja ele marcial ou cultural, consistem em três níveis de mestria: físico, psicológico e espiritual. O domínio da forma (kata) no nível físico é o ponto crucial do treinamento. O professor demostra um kata modelo que o aluno observa cuidadosamente e o repete inúmeras vezes até interiorizá-lo completamente. Palavras não são ditas e explicações não são dadas; a responsabilidade do aprendizado é do aluno. No nível mais elevado de mestria da forma (kata), o estudante é liberado da dedicação à ela.

Esta liberação ocorre devido às mudanças psicológicas internas produzidas com o treinamento constante. A rotina de aprendizado, tediosa, repetitiva e monótona testa o compromisso e a força de vontade do aluno; reduz também a teimosia, controla a vontade e elimina os maus hábitos do corpo e da mente. No processo, a força real, o caráter e o potencial da pessoas começam a emergir. O domínio espiritual é inseparável do psicológico, mas começa somente depois de um intensivo e longo período de treinamento.

A essência do domínio espiritual é a seguinte: a transformação da pessoa em um ser sem ego. Em qualquer arte marcial ou cultural, a livre expressão do ser é bloqueada pelo próprio ego da pessoa. No Caminho da arte de manejar a espada, o domínio do aluno quanto à postura e à forma deve ser de tal maneira total que não haja abertura (suki) para o oponente entrar. Se uma abertura ocorre, ela é criada pelo próprio ego. A pessoa torna-se vulnerável quando se detém a pensar em vencer, perder, levar vantagem, impressionar ou menosprezar o oponente. Quando a mente pára, mesmo que por um instante, o corpo enrijece e o movimento fluido e livre é perdido.

O monge Zen Takuan (1573-1645), que era um confidente de Munenori Yagyu (1571-1646) e mestre espadachim da Dinastia de Tokugawa, escreveu em um pequeno tratado -A Verdadeira e Maravilhosa Espada de Tai-a -:

“A arte da espada consiste em nunca estar preocupado com a vitória ou a derrota, com a força ou a fraqueza; em não avançar ou retroceder um único passo, em o inimigo não me ver e eu não ver o inimigo. Penetrando naquilo que é fundamental antes da separação do Céu e da Terra, onde mesmo Yin e Yang não podem atingir, a pessoa instantaneamente alcança a perícia na arte.”

Tai-a é uma espada mítica que dá vida a tudo, tanto à própria pessoa quanto à outra, ao protagonista e ao antagonista, ao amigo e ao inimigo.

O próprio Munenori Yagyu enfatiza a superação do ego através da autodisciplina na arte de manejar a espada. Em um tratado conhecido como- A Transmissão Familiar da Arte de Lutar- , ele escreve que o objetivo do treinamento nas artes marciais é superar seis tipos de doenças: o desejo pelo vitória, o desejo de confiar na habilidade técnica, o desejo de se exibir, o desejo de oprimir psicologicamente o oponente, o desejo de permanecer passivo afim de esperar por uma abertura e o desejo de se ver livre destas doenças.

Essencialmente, o domínio físico, psicológico e espiritual são uma mesma coisa. O ser sem ego é aberto, flexível, maleável, fluido e dinâmico no corpo, mente e espírito. Sendo desprovido de ego, o ser (self) se identifica com todas as coisas e com todas as pessoas, vendo-as não de uma perspectiva autocentrada, mas de seus respectivos centros. Em um círculo de circunferência ilimitada, cada ponto torna-se o centro do universo. A habilidade de ver toda existência de uma perspectiva não autocentrada é central para a identidade Xintô com a natureza, e também constitui o que o budismo chama de sabedoria, que em sua mais elevada expressão não é nada mais que compaixão.

Tal modo de pensar é a essência de todos os Caminhos marciais e culturais na tradição japonesa. Aikidô é uma elaboração moderna dessa essência, aperfeiçoada pelo gênio do Fundador Morihei Ueshiba (1883-1969). Certa vez, explicando o objetivo de sua arte em uma palestra para um público heterogêneo, ele disse:

“Budô não é um meio de abater o oponente pela força ou através de armas letais. Tampouco pretende conduzir o mundo à destruição por meio de armas ou outros meios ilegítimos. O verdadeiro budô busca trazer a energia interna do universo à ordem, protegendo a paz do mundo e moldando, tanto quanto preservando, tudo na natureza na sua forma correta. Treinar no budô é equivalente a fortalecer, dentro do meu corpo e espírito, amor de Kami, a divindade que cria, preserva e nutre tudo na natureza.”

O Fundador Ueshiba constantemente enfatizava que uma arte marcial deve ser uma força criadora, produzindo amor, que por sua vez conduzirá a uma vida rica e criativa. Esta foi a conclusão da busca de sua vida como um homem dedicado às artes marciais. Em um de seus últimos discursos, ele declarou: “Aikidô é o verdadeiro budô, o trabalho do amor no universo. É o protetor de todos os seres vivos, é o meio através do qual a tudo é dado vida, cada um ocupando o lugar que lhe corresponde. Não é apenas a fonte criadora da arte marcial verdadeira, mas de todas as coisas, nutrindo o seu crescimento e desenvolvimento.” O aikidô, sendo uma forma de arte marcial tradicional, realiza esse amor universal através de rigoroso treinamento do corpo. A severa disciplina física, entretanto, não pode ser separada do desenvolvimento mental e do real crescimento espiritual. Embora muitas pessoas possam não alcançar essa meta, a chave é o processo de treinamento, que não tem começo e nem fim. E durante a caminhada, no momento mais inesperado, a realização básica do aikidô com um Caminho de vida - além de qualquer arte marcial - pode principiar.

É uma sorte para nós que o filho e herdeiro do Fundador Ueshiba, Kisshomaru Ueshiba, atual Diretor-Presidente (Doshu) do aikidô, tenha consentido a tradução do seu trabalho original em japonês. É de seu interesse que a pura essência do aikidô, não adulterada por egos competitivos pessoais ou nacionais, seja mantida firmemente no centro do treinamento e da prática. Afinal, dojô, “o lugar de iluminação”, é uma palavra derivada do sânscrito bodhimanda, “o lugar onde a pessoa se transforma em um ser sem ego”.

TAITETSU UNNO

sábado, 13 de março de 2010

Aikidô - Algumas formas de ensino e de treino


Por: Gustavo N. Santos (Instituto Teruo Nakatani - ITN Brasil)
Dentro da filosofia de ensino do Instituto Teruo Nakatani - ITN Brasil, buscamos a formação de pessoas melhores para a construção de uma sociedade melhor. Assim, valores e conceitos são transmitidos, respeitando o indivíduo como centro do processo de ensino.
Repudiamos o ensino como adestramento, um ensino voltado exclusivamente para a transmissão da forma de uma técnica. O que torna um aikidoka vazio...
O Aikidoka é , antes de tudo, um guerreiro da paz. Paz consigo e paz com o mundo.

"Devemos, não só ensinar, mas, principalmente, formar." J.F.Santos (Instrutor Chefe do Instituto Teruo Nakatani - ITN Brasil)

Formas de ensino: (Engi; Bunkai: oyo)
Engi (do Japonês Éngi que significa exibir, apresentar, representar):
Este treino tem o sentido de apresentação, demonstração (exibição da técnica) da técnica.
É o tipo de treino onde devemos nos preocupar em “mostrar” a técnica de forma bonita e firme, apresentando com clareza as chaves e nuances da técnica.
Bunkai (Do Japonês BunKái que significa desmontar, desfazer,separar): Esta forma consiste em quebrar (Desmontar) a técnica para que aconteça o aprendizado de forma cartesiana, (ou como diria Jack) “por partes”.
Oyo (Do Japonês _oòyoò que significa aplicação):
 Esta forma consiste em um treino de aplicação da técnica (aplicação da técnica para Defesa Pessoal).
Isto quer dizer que as outras formas não funcionam? 
Não, isto quer dizer que a aplicação da forma deve considerar um ambiente hostil e uma extrema necessidade de uma aplicação violenta e conclusiva (Viril).
Com a aplicação e correlação destas formas de ensino, respeitando o crescimento gradual do aluno do que é forma básica (Aplicação) e o que é aplicação (Oyo), a possibilidade de êxito na transmissão do conhecimento e formação de um Budoka com proficiência nas artes marciais é maior.

Formas de treino: (Go ; Jyu: Ryu)
“Treino Duro; treino Suave e fluído.”
GO (treino duro, praticado com intrepidez, valentia e virilidade).
Durante o treino duro (GO) devemos nos atentar em neutralizar a ação do Ukê com firmeza, e até agressividade, em excesso. Um treino onde utilizamos larga força para neutralizar a ação do atacante e exploramos o nosso lado mais enérgico é explosivo.
Vamos à busca do nosso extremo da força (o lado negro da força) para conhecemos a nossa porção de frieza e maldade.
Neste caso, ukê e nagê são fortes (são sólidos, são pedras, são quadrados)
Jyu (treino suave e treino fluído)
Treino suave: Durante o treino suave buscamos a integração com a força do ukê (musubi = incorporar). Aproveitamos a energia que nos é passada pelo parceiro (Ukê) e a redirecionamos para o local desejado para neutralizar o ukê. Devemos estar preparados para receber a força do ukê e reutilizá-la no movimento. Um estado receptivo, mas não passivo, do contrário o ukê tem a vantagem.
Vamos à busca do nosso extremo da receptividade e beleza para conhecer nosso lado benevolente e empático.
 Neste caso Ukê é firme (Sólido, é pedra, é quadrado “) e Nague é maleável e firme (é líquido, é água, é círculo ).
Treino Fluído: Durante o treino fluído buscamos a plena interação das forças (energias). Ukê e Nagê buscam a integração para a construção de uma técnica solta e livre. Neste caso ambos buscam a união (harmonia) na sua forma mais solta.
Vamos à busca do nosso extremo mais suave e mais livre, para conhecer nosso lado mais criativo e mais desprendido.
 Neste caso Ukê e Nagê são livres (são gás, são triângulo).

O treino suave (Jyu Waza) deve ser realizado com a cooperação do Ukê e buscando a união das forças. Contudo é primordial frisar a necessidade da forte presença marcial no treino, relaxados, mas atentos (zanshin).
O treino suave possibilita uma rápida resposta ao estudo da liberdade da energia, do encadeamento de técnicas (Henka waza) e até contra golpes (Gaeshi Waza). A mente deve estar sempre livre para aproveitar a variação das forças dadas pelo Ukê.

 “Aikidô wa Budô de aru.” Aikidô é Budô
“Aiki wa odori janai” Aikidô não é uma dança.

O treino é um caminho para dominar-mos, e aprender-mos, não somente as técnicas, mas essencialmente, nós mesmos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Fanatismo e artes marciais

Extraido do site www.aizen.org


Você será que você entrou em um grupo fanático de arte marcial?
Antes de você começar a rir, pense sobre isto.
Enquanto a maioria dos leitores pelo mundo afora não estão provavelmente envolvidos em uma seita, eu tenho uma suspeita furtiva que realmente existam vários grupos de controle mental que abusam dos aspectos das artes marciais a fim de estender seu controle sobre outras pessoas.
A essa altura, você deve estar pensando: o velho Wayne tem andado fumando erva alucinógena para chegar nesse assunto. Mas pense nisto. Eu cheguei a essa idéia depois de várias notícias de televisão apontando a existência de grupos fanáticos nos Estados Unidos, alguns dos quais estão envolvidos com as artes marciais.
O comportamento de uma seita começa geralmente em passos lentos mas fixos levados de uma base de quase-normalidade mas que na verdade está conduzindo a insanidade.
Os grupos de artes marciais coesos e rígidos não são grupos de seitas fanáticas. Mas eles, geralmente, se transformam lentamente em seitas perigosas e loucas, pois com o tempo, constroem mentiras em cima de mentiras a fim de descrever que elas tem algo mais do que elas realmente são.
Por que elas fazem isso? Parece que existe uma variedade de razões. Alguns "mestres" ou “senseis”, precisam da adulação e adoração que um culto propicia.
Assim eles inventam algo e acreditam nas próprias mentiras. Além disso os seguidores podem ter uma necessidade básica de seguir alguém que tem todas as respostas para suas vidas, e sendo assim um membro do culto nunca terá que justificar suas vidas passadas de perdedores.  Desde que você possa executar um chute de maegeri no dojo, e gritar, “Hai, sensei". Isto é, “Sim, sensei !" Submissão cultural e psicológica.
Ignorância pode ser outro fator. Geralmente os seguidores são ignorantes sobre a história das artes marciais, e adota as idéias malucas do professor como evangelho.
Veja o Exemplo - “Olhe , nosso mestre Fujiram_na_Kombi, foi o único estrangeiro a aprender JoLay-U-ryu aikijujutsu de Takeda Sokaku nos anos cinqüenta. Sokaku deu a ele certificados mágicos os quais fizeram dele o soke do estilo, aí ele voltou para Nova Iguaçu, e ensinou para a bisneta do Sokaku.
“O que? Prova? Nós não precisamos de nenhuma prova. Você é um reles seguidor de baixo-nível e merece nosso desprezo”.
Já agrupei diversas características para identificar o comportamento de seguidores fanáticos nas artes marciais.
Novamente, lembre-se. O fanatismo começa em fases.
Sai mais, para identificar um comportamento obsessivo de culto à pessoa.
--Seu professor o trata como ignorância e espera pela sua adulação e adoração.
Então, ele o incentiva lhe dizendo que vocês são membros de um grupo com conhecimentos secretos que os farão mais poderosos que o Exterminador do futuro.
Este é um padrão que faz pessoas susceptíveis sentirem que elas são necessárias para o culto fazendo se sentirem bem internamente, e assim ela estará disposta a esquecer do abuso mental e físico os quais são impostos durante o treino.
Mas existe uma diferença, um limite entre retidão e exagero.
Uma vez cruzada essa linha, deixe a escola.
--Seu professor e grupo começa a exercer sua vontade sobre sua vida. Foi como eu fiquei sabendo de um grupo que molestou um estudante porque ele deixou de treinar. Eles começaram a espionar o ex-aluno e sua família, sempre tentando convencê-lo a voltar a treinar (e pagar grandes quantias de dinheiro pela instrução).
--O professor e os melhores estudantes fazem afirmações que não são fundamentadas por nenhuma fonte confiança, isenta de tendenciosidade em arte marcial. E quando eu digo fonte, eu não me refiro a ultima edição da revista estilo SipauKido-Pimenta-nos-olhos. Eu me refiro a textos-fonte como o Bugei Ryuha Daijiten, ou Honcho Bugei Shoden e assim por diante.
Enquanto há realmente, grupos (inclusive de todas as artes marciais não-Japonesas) não incluídos nesses textos - eles são um bom lugar para se começar uma pesquisa, especialmente para grupos que reivindicam, ascendência para linhagens centenárias antigas. Fique realmente desconfiado quando o Grão Mestre Sensei diz coisas como, “Oh, ninguém no Japão (ou China, Coréia, etc.) sabe muito de nós porque nós éramos uma sociedade secreta."
Escute, se o grupo fosse tão secreto e especial no Japão a ponto de ninguém ouvir falar dele, o que o faz pensar que os membros japoneses, que são freqüentemente conhecidos por seu comportamento xenofóbico, viriam a ensinaria isto a um grupo de estrangeiros de meia-tigela?
--Seus certificados e documentos estão marcados com um obscuro e místico caractere Japonês ou Chinês. Quando você mostra isto para alguém que sabe ler Japonês,
Eles começam a rir tanto que chegam a chorar.
Eu vi certificados assinados por uns "chamados-soke” Americanos que são verdadeiramente bizarros. Um certificado estava timbrado com um selo que tinha os caracteres: "selo de registro das três árvores assassinas". Outro certificado, supostamente de uma escola de jujutsu, era lido como, “Restaurante Escola da paz mundial".
-Assim que você faz perguntas sobre as origens e instruções do professor, você recebe  frases do tipo” eu não tenho que lhe dizer sobre isso porque você não entenderia”.
Seguramente, existem individuos bisbilhoteiros, mas também existe um questionamento razoável que surgirá se você visita um dojo. Um correspondente me enviou uma cópia de uma carta que ele recebeu depois que ele indagou sobre as credenciais de um grande mestre. “Eu não tenho que lhe dizer sobre isso, e além disso, todo mundo sabe eu sou um mestre, assim, se você continuar fazendo perguntas, eu não falarei com você nunca mais", era a resposta básica do "sensei". Este super-hiper sensei também mencionou que ele tirou fotos com astros de filme de artes marciais e com lutadores de full-contact, os quais claramente validaram com assinaturas todas as suas reivindicações. Conversa pra boi dormir…
Sabe-se que estes atores de filme não são conhecidos por seus vastos conhecimentos ou por suas autoridades históricas. Você confiaria sua criança a um professor de creche que se recusa a te contar aonde ele recebeu sua certificação de professor, e então lhe mostra fotos dele ao lado do Tom Cruise?
Posar ao lado de uma estrela de filme num bar local não diz se eles são ou não certificados como professores, não é?
Então por que você aceitaria o raciocínio desse professor de artes marciais mencionado?
--Quando você apresenta duvidas e perguntas incomodas, as ações do professor exibem um tipo de paranóia e o padrão de encobrir a verdade e perde a paciência? Cuidado!
O seu professor tem um sempai ou vários sempais para "protegê-lo das pessoas chatas que fazem perguntas?"
Isso é paranóia, meu amigo.
As estórias do seu professor sobre as origens do estilo dele muda sempre que você vem apresentar novos fatos?
Parece muito com o tipo de comportamento mentiroso-compulsivo visto no famoso programa de comédia Americana SaturdayNightLive.
O ator Martin Short costumava interpretar um mentiroso que, quando pego com uma mentira óbvia, costumava suar muito, sorrir, e então inventar outra mentira para obscurecer e ofuscar a mentira original.
--Se você já sabe o bastante sobre técnicas de artes marciais, observe as aulas.
As formas da escola não se assemelham a nada menos que fundamentos de caratê de terceira?
--Conforme eu tenho observado, o comportamento do fanatismo começa com a melhor das intenções.
Até mesmo alguns grupos ortodoxos de Aikido ou Karate, enquanto eles não exibem seu comportamento de seita totalmente desenvolvido, são culpados -pelo menos- de relações abusivas entre professor e estudante que podem desenvolver em um comportamento de fanatismo.
Eu fui uma vez informado de um sensei de Aikido muito conhecido que machucava o seu aluno desnecessariamente de tal maneira que o aluno acabava o treino com contusões, deslocamentos, e equimoses.
Estes estudantes aceitavam o abuso físico e verbal como parte do seu “treino".
Quando este professor de Aikido começou a dormir no segundo andar do dojo com uma aluna (ele era casado na época, apesar disto) - e os outros estudantes inventavam desculpas para o comportamento deste sensei - foi aí que meu amigo decidiu abandonar este dojo.
No entanto, os piores abusos são dos vários grupos de ninjutsu e de koryu, principalmente porque não existem muitas informações em inglês para verificar muitas das reivindicações ditas. É suficiente dizer que os Estados Unidos podem ter mais ninjas mestres que em todo o Japão. Eu também estou muito desconfiado de muitas reivindicações de grupos de koryu, alguns deles apareceram combinando aikido pobre com alguma arte de espada ou de bastão.
Então, você está envolvido com uma seita?
As chances são que você provavelmente não está.
A maioria dos grupos de artes marciais, são organizações legítimas, apesar das diferenças no modo que eles administram seus negócios e relações interpessoais. Mas se você estiver, não brinque com isso.
Cedo ou tarde, você pode ser convocado a ser juntar ao Sensei que está esperando pela passagem do cometa.
Aí então, pode ser muito tarde para você prosseguir com a sua vida normal.
Adaptado do artigo de  Wayne Muromoto
Fonte: Revista Furyu # 8
Tengu Press 1998

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Bela iniciativa

Entrevista com o mestre Hiroshi Tada (9º Dan)



Entrevista com Hiroshi Tada
por Stanley Pranin


Aikido Journal #101 (1994)
Traduzido por Christiaan Oyens


Ouvi dizer que antes da Guerra e durante o período em Iwama, quando executando suwariwaza ikkyo, que é um das técnicas fundamentais do aikido, Ueshiba Sensei não permitia a oportunidade do seu oponente atacar, em vez disso ele iniciava o movimento projetando seu próprio ki...

Isto era conhecido como “cultivação do magnetismo.” Requer um senso aguçado de kokyu que chama o oponente como se este fosse um pedaço de metal sendo atraído por um imã. Existem três situações: Você se move primeiro; você e seu parceiro se movem simultaneamente; seu parceiro inicia o movimento. Na verdade a técnica é a mesma para todas estas situações e no fim, o importante é o tipo de estado interno que você mantém. Se você apenas olhar a forma externa, por exemplo, se você só vê a forma como defesa pessoal, então você não irá entender seu total significado. As técnicas têm a ver com o ki e não a simples interação de dois corpos físicos. Treinar é como um espelho refletindo a sua sensitividade com o ki. A clareza do espelho é o ponto mais importante.

Poderia falar um pouco sobre a diferença entre omote e ura?

Fisicamente falando, você usará uma técnica ura quando o seu parceiro estiver com seu pé de trás firmemente plantado. Quando seu pé de trás está em movimento, ou sem suporte, aí você irá usar uma técnica omote. Quando o teu kokyu passa livremente através do teu parceiro, você usa omote. É assim que uma técnica vira omote ou ura. Essa variação aparecia como freqüência nos ensinamentos de O-Sensei. O objetivo, porém, é de conseguir executar as técnicas em qualquer direção num raio de 360 graus. Omote e ura não foram criadas como formas pré-estabelecidas ou padrões; apenas representam a idéia de técnicas que variam livremente.

sábado, 30 de janeiro de 2010

2010 Com tudo

Voltamos 2010 com muitos treinos e muitas novidades.
No último Sabado 23/01, tivemos a presença do Mestre J.F.Santos (Instrutor chefe do Instituto Teruo Nakatani - ITN Brasil) para ministrar mais um treino para o grupo de Goias.
Já estamos com um novo blog www.itnbrasil.blogspot.com, além da comunidade no Orkut.

E ainda teremos mais, muito treino e muito trabalho.

Vamos estudando.

Bem Vindos ao Aikido Goiânia

“O Aikidô não é uma maneira de lutar ou de derrotar os inimigos,é uma maneira de reconciliar o mundo e fazer de todos os seres humanos uma família”

Morihei Ueshiba (Fundador do Aikidô)