sábado, 13 de março de 2010

Aikidô - Algumas formas de ensino e de treino


Por: Gustavo N. Santos (Instituto Teruo Nakatani - ITN Brasil)
Dentro da filosofia de ensino do Instituto Teruo Nakatani - ITN Brasil, buscamos a formação de pessoas melhores para a construção de uma sociedade melhor. Assim, valores e conceitos são transmitidos, respeitando o indivíduo como centro do processo de ensino.
Repudiamos o ensino como adestramento, um ensino voltado exclusivamente para a transmissão da forma de uma técnica. O que torna um aikidoka vazio...
O Aikidoka é , antes de tudo, um guerreiro da paz. Paz consigo e paz com o mundo.

"Devemos, não só ensinar, mas, principalmente, formar." J.F.Santos (Instrutor Chefe do Instituto Teruo Nakatani - ITN Brasil)

Formas de ensino: (Engi; Bunkai: oyo)
Engi (do Japonês Éngi que significa exibir, apresentar, representar):
Este treino tem o sentido de apresentação, demonstração (exibição da técnica) da técnica.
É o tipo de treino onde devemos nos preocupar em “mostrar” a técnica de forma bonita e firme, apresentando com clareza as chaves e nuances da técnica.
Bunkai (Do Japonês BunKái que significa desmontar, desfazer,separar): Esta forma consiste em quebrar (Desmontar) a técnica para que aconteça o aprendizado de forma cartesiana, (ou como diria Jack) “por partes”.
Oyo (Do Japonês _oòyoò que significa aplicação):
 Esta forma consiste em um treino de aplicação da técnica (aplicação da técnica para Defesa Pessoal).
Isto quer dizer que as outras formas não funcionam? 
Não, isto quer dizer que a aplicação da forma deve considerar um ambiente hostil e uma extrema necessidade de uma aplicação violenta e conclusiva (Viril).
Com a aplicação e correlação destas formas de ensino, respeitando o crescimento gradual do aluno do que é forma básica (Aplicação) e o que é aplicação (Oyo), a possibilidade de êxito na transmissão do conhecimento e formação de um Budoka com proficiência nas artes marciais é maior.

Formas de treino: (Go ; Jyu: Ryu)
“Treino Duro; treino Suave e fluído.”
GO (treino duro, praticado com intrepidez, valentia e virilidade).
Durante o treino duro (GO) devemos nos atentar em neutralizar a ação do Ukê com firmeza, e até agressividade, em excesso. Um treino onde utilizamos larga força para neutralizar a ação do atacante e exploramos o nosso lado mais enérgico é explosivo.
Vamos à busca do nosso extremo da força (o lado negro da força) para conhecemos a nossa porção de frieza e maldade.
Neste caso, ukê e nagê são fortes (são sólidos, são pedras, são quadrados)
Jyu (treino suave e treino fluído)
Treino suave: Durante o treino suave buscamos a integração com a força do ukê (musubi = incorporar). Aproveitamos a energia que nos é passada pelo parceiro (Ukê) e a redirecionamos para o local desejado para neutralizar o ukê. Devemos estar preparados para receber a força do ukê e reutilizá-la no movimento. Um estado receptivo, mas não passivo, do contrário o ukê tem a vantagem.
Vamos à busca do nosso extremo da receptividade e beleza para conhecer nosso lado benevolente e empático.
 Neste caso Ukê é firme (Sólido, é pedra, é quadrado “) e Nague é maleável e firme (é líquido, é água, é círculo ).
Treino Fluído: Durante o treino fluído buscamos a plena interação das forças (energias). Ukê e Nagê buscam a integração para a construção de uma técnica solta e livre. Neste caso ambos buscam a união (harmonia) na sua forma mais solta.
Vamos à busca do nosso extremo mais suave e mais livre, para conhecer nosso lado mais criativo e mais desprendido.
 Neste caso Ukê e Nagê são livres (são gás, são triângulo).

O treino suave (Jyu Waza) deve ser realizado com a cooperação do Ukê e buscando a união das forças. Contudo é primordial frisar a necessidade da forte presença marcial no treino, relaxados, mas atentos (zanshin).
O treino suave possibilita uma rápida resposta ao estudo da liberdade da energia, do encadeamento de técnicas (Henka waza) e até contra golpes (Gaeshi Waza). A mente deve estar sempre livre para aproveitar a variação das forças dadas pelo Ukê.

 “Aikidô wa Budô de aru.” Aikidô é Budô
“Aiki wa odori janai” Aikidô não é uma dança.

O treino é um caminho para dominar-mos, e aprender-mos, não somente as técnicas, mas essencialmente, nós mesmos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Fanatismo e artes marciais

Extraido do site www.aizen.org


Você será que você entrou em um grupo fanático de arte marcial?
Antes de você começar a rir, pense sobre isto.
Enquanto a maioria dos leitores pelo mundo afora não estão provavelmente envolvidos em uma seita, eu tenho uma suspeita furtiva que realmente existam vários grupos de controle mental que abusam dos aspectos das artes marciais a fim de estender seu controle sobre outras pessoas.
A essa altura, você deve estar pensando: o velho Wayne tem andado fumando erva alucinógena para chegar nesse assunto. Mas pense nisto. Eu cheguei a essa idéia depois de várias notícias de televisão apontando a existência de grupos fanáticos nos Estados Unidos, alguns dos quais estão envolvidos com as artes marciais.
O comportamento de uma seita começa geralmente em passos lentos mas fixos levados de uma base de quase-normalidade mas que na verdade está conduzindo a insanidade.
Os grupos de artes marciais coesos e rígidos não são grupos de seitas fanáticas. Mas eles, geralmente, se transformam lentamente em seitas perigosas e loucas, pois com o tempo, constroem mentiras em cima de mentiras a fim de descrever que elas tem algo mais do que elas realmente são.
Por que elas fazem isso? Parece que existe uma variedade de razões. Alguns "mestres" ou “senseis”, precisam da adulação e adoração que um culto propicia.
Assim eles inventam algo e acreditam nas próprias mentiras. Além disso os seguidores podem ter uma necessidade básica de seguir alguém que tem todas as respostas para suas vidas, e sendo assim um membro do culto nunca terá que justificar suas vidas passadas de perdedores.  Desde que você possa executar um chute de maegeri no dojo, e gritar, “Hai, sensei". Isto é, “Sim, sensei !" Submissão cultural e psicológica.
Ignorância pode ser outro fator. Geralmente os seguidores são ignorantes sobre a história das artes marciais, e adota as idéias malucas do professor como evangelho.
Veja o Exemplo - “Olhe , nosso mestre Fujiram_na_Kombi, foi o único estrangeiro a aprender JoLay-U-ryu aikijujutsu de Takeda Sokaku nos anos cinqüenta. Sokaku deu a ele certificados mágicos os quais fizeram dele o soke do estilo, aí ele voltou para Nova Iguaçu, e ensinou para a bisneta do Sokaku.
“O que? Prova? Nós não precisamos de nenhuma prova. Você é um reles seguidor de baixo-nível e merece nosso desprezo”.
Já agrupei diversas características para identificar o comportamento de seguidores fanáticos nas artes marciais.
Novamente, lembre-se. O fanatismo começa em fases.
Sai mais, para identificar um comportamento obsessivo de culto à pessoa.
--Seu professor o trata como ignorância e espera pela sua adulação e adoração.
Então, ele o incentiva lhe dizendo que vocês são membros de um grupo com conhecimentos secretos que os farão mais poderosos que o Exterminador do futuro.
Este é um padrão que faz pessoas susceptíveis sentirem que elas são necessárias para o culto fazendo se sentirem bem internamente, e assim ela estará disposta a esquecer do abuso mental e físico os quais são impostos durante o treino.
Mas existe uma diferença, um limite entre retidão e exagero.
Uma vez cruzada essa linha, deixe a escola.
--Seu professor e grupo começa a exercer sua vontade sobre sua vida. Foi como eu fiquei sabendo de um grupo que molestou um estudante porque ele deixou de treinar. Eles começaram a espionar o ex-aluno e sua família, sempre tentando convencê-lo a voltar a treinar (e pagar grandes quantias de dinheiro pela instrução).
--O professor e os melhores estudantes fazem afirmações que não são fundamentadas por nenhuma fonte confiança, isenta de tendenciosidade em arte marcial. E quando eu digo fonte, eu não me refiro a ultima edição da revista estilo SipauKido-Pimenta-nos-olhos. Eu me refiro a textos-fonte como o Bugei Ryuha Daijiten, ou Honcho Bugei Shoden e assim por diante.
Enquanto há realmente, grupos (inclusive de todas as artes marciais não-Japonesas) não incluídos nesses textos - eles são um bom lugar para se começar uma pesquisa, especialmente para grupos que reivindicam, ascendência para linhagens centenárias antigas. Fique realmente desconfiado quando o Grão Mestre Sensei diz coisas como, “Oh, ninguém no Japão (ou China, Coréia, etc.) sabe muito de nós porque nós éramos uma sociedade secreta."
Escute, se o grupo fosse tão secreto e especial no Japão a ponto de ninguém ouvir falar dele, o que o faz pensar que os membros japoneses, que são freqüentemente conhecidos por seu comportamento xenofóbico, viriam a ensinaria isto a um grupo de estrangeiros de meia-tigela?
--Seus certificados e documentos estão marcados com um obscuro e místico caractere Japonês ou Chinês. Quando você mostra isto para alguém que sabe ler Japonês,
Eles começam a rir tanto que chegam a chorar.
Eu vi certificados assinados por uns "chamados-soke” Americanos que são verdadeiramente bizarros. Um certificado estava timbrado com um selo que tinha os caracteres: "selo de registro das três árvores assassinas". Outro certificado, supostamente de uma escola de jujutsu, era lido como, “Restaurante Escola da paz mundial".
-Assim que você faz perguntas sobre as origens e instruções do professor, você recebe  frases do tipo” eu não tenho que lhe dizer sobre isso porque você não entenderia”.
Seguramente, existem individuos bisbilhoteiros, mas também existe um questionamento razoável que surgirá se você visita um dojo. Um correspondente me enviou uma cópia de uma carta que ele recebeu depois que ele indagou sobre as credenciais de um grande mestre. “Eu não tenho que lhe dizer sobre isso, e além disso, todo mundo sabe eu sou um mestre, assim, se você continuar fazendo perguntas, eu não falarei com você nunca mais", era a resposta básica do "sensei". Este super-hiper sensei também mencionou que ele tirou fotos com astros de filme de artes marciais e com lutadores de full-contact, os quais claramente validaram com assinaturas todas as suas reivindicações. Conversa pra boi dormir…
Sabe-se que estes atores de filme não são conhecidos por seus vastos conhecimentos ou por suas autoridades históricas. Você confiaria sua criança a um professor de creche que se recusa a te contar aonde ele recebeu sua certificação de professor, e então lhe mostra fotos dele ao lado do Tom Cruise?
Posar ao lado de uma estrela de filme num bar local não diz se eles são ou não certificados como professores, não é?
Então por que você aceitaria o raciocínio desse professor de artes marciais mencionado?
--Quando você apresenta duvidas e perguntas incomodas, as ações do professor exibem um tipo de paranóia e o padrão de encobrir a verdade e perde a paciência? Cuidado!
O seu professor tem um sempai ou vários sempais para "protegê-lo das pessoas chatas que fazem perguntas?"
Isso é paranóia, meu amigo.
As estórias do seu professor sobre as origens do estilo dele muda sempre que você vem apresentar novos fatos?
Parece muito com o tipo de comportamento mentiroso-compulsivo visto no famoso programa de comédia Americana SaturdayNightLive.
O ator Martin Short costumava interpretar um mentiroso que, quando pego com uma mentira óbvia, costumava suar muito, sorrir, e então inventar outra mentira para obscurecer e ofuscar a mentira original.
--Se você já sabe o bastante sobre técnicas de artes marciais, observe as aulas.
As formas da escola não se assemelham a nada menos que fundamentos de caratê de terceira?
--Conforme eu tenho observado, o comportamento do fanatismo começa com a melhor das intenções.
Até mesmo alguns grupos ortodoxos de Aikido ou Karate, enquanto eles não exibem seu comportamento de seita totalmente desenvolvido, são culpados -pelo menos- de relações abusivas entre professor e estudante que podem desenvolver em um comportamento de fanatismo.
Eu fui uma vez informado de um sensei de Aikido muito conhecido que machucava o seu aluno desnecessariamente de tal maneira que o aluno acabava o treino com contusões, deslocamentos, e equimoses.
Estes estudantes aceitavam o abuso físico e verbal como parte do seu “treino".
Quando este professor de Aikido começou a dormir no segundo andar do dojo com uma aluna (ele era casado na época, apesar disto) - e os outros estudantes inventavam desculpas para o comportamento deste sensei - foi aí que meu amigo decidiu abandonar este dojo.
No entanto, os piores abusos são dos vários grupos de ninjutsu e de koryu, principalmente porque não existem muitas informações em inglês para verificar muitas das reivindicações ditas. É suficiente dizer que os Estados Unidos podem ter mais ninjas mestres que em todo o Japão. Eu também estou muito desconfiado de muitas reivindicações de grupos de koryu, alguns deles apareceram combinando aikido pobre com alguma arte de espada ou de bastão.
Então, você está envolvido com uma seita?
As chances são que você provavelmente não está.
A maioria dos grupos de artes marciais, são organizações legítimas, apesar das diferenças no modo que eles administram seus negócios e relações interpessoais. Mas se você estiver, não brinque com isso.
Cedo ou tarde, você pode ser convocado a ser juntar ao Sensei que está esperando pela passagem do cometa.
Aí então, pode ser muito tarde para você prosseguir com a sua vida normal.
Adaptado do artigo de  Wayne Muromoto
Fonte: Revista Furyu # 8
Tengu Press 1998

Bem Vindos ao Aikido Goiânia

“O Aikidô não é uma maneira de lutar ou de derrotar os inimigos,é uma maneira de reconciliar o mundo e fazer de todos os seres humanos uma família”

Morihei Ueshiba (Fundador do Aikidô)